No mês passado a revista ÉPOCA publicou em sua edição 644 - 18/09/2010 com o título "O dinheiro que dá em árvores", reportagens relacionadas ao meio ambiente.
Resolvemos disponibilizar uma matéria em que são apontadas as 10 empresas brasileiras que mais se esforçam para diminuir seus impactos no mieo ambiente.
As 10 empresas líderes
Por Marina Franco
Empresas atentas às transformações do clima trazem benefícios para toda a sociedade e para seus negócios. Lançar à atmosfera uma quantia menor de gases causadores do efeito estufa significa, inicialmente, ajudar a combater o aquecimento global. Mas podem-se obter diversas outras vantagens, porque uma operação remodelada para se tornar ambientalmente mais responsável tem potencial para reduzir custos com material, eletricidade, combustível e, assim, aumentar a rentabilidade. As dez empresas apresentadas a seguir sabem disso. Elas se anteciparam e adotaram medidas para reduzir seu impacto no meio ambiente. Se taxas para emissão de gás carbônico se tornarem realidade no Brasil, as 10 Empresas Líderes em Políticas Climáticas, eleitas pelo Prêmio, estarão preparadas.
A Telefônica teve a ideia de distribuir o lucro que obtém com a economia de energia aos funcionários de manutenção das centrais. Isso estimula os trabalhadores a economizar. Para diminuir as emissões nos transportes, a solução pode ser simples, como o programa de carona solidária entre funcionários da CNEC, ou mais complexas, como a transferência do parque gráfico da Souza Cruz do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul. “O consumidor fica atento se você tem boas práticas de sustentabilidade. E cada vez mais os investidores prestam atenção a esse tipo de estratégia”, afirma Domingos Figueiredo de Abreu, vice-presidente do Bradesco.
BANCO BRADESCO
AGÊNCIA LABORATÓRIO
Depois de inovar com uma agência-modelo, o banco envolve fornecedores
O Bradesco é um dos fundadores do Programa Brasileiro GHG Protocol, um modelo para os inventários de emissões de empresas. Também incentiva os fornecedores a responder ao questionário do Carbon Disclosure Project, uma iniciativa global que levanta boas práticas na área. A fim de reduzir emissões, o banco adotou equipamentos eletrônicos que consomem menos energia e reorganizou sua área de transporte. Em 2009, construiu no bairro de Perdizes, em São Paulo, uma agência-modelo (foto), com com mobiliário de madeira certificada (a ser adotado em outras agências), reúso de água, aproveitamento de luz natural, isolamento térmico e luzes automáticas. Na matriz, uma estação de tratamento permitirá o reúso de água em torres de ar-condicionado e rega de jardins.
BUNGE BRASIL
ENERGIA RENOVÁVEL PARA VENDER
Em três anos, a Bunge Brasil deverá produzir excedente de eletricidade
A Bunge Brasil, gigante do agronegócio, prevê que em 2012 não precisará mais comprar energia da rede pública e, a partir de 2013, poderá vender o excedente em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Tocantins. A eletricidade é gerada a partir de bagaço de cana em cinco usinas de açúcar que a empresa administra. As caldeiras usam também casca de arroz e lenha de eucalipto. A Bunge dá orientação a produtores sobre práticas agrícolas de menor impacto (foto), como o plantio direto (que aproveita massa orgânica resultante da colheita, preserva o solo e reduz o uso de tratores). No ano passado, lançou para a margarina Cyclus a primeira embalagem biodegradável, cujo plástico é feito de amido do milho. Ela emite menos no processo de fabricação e se decompõe sem deixar resíduos.
CNEC
WORLEYPARSONS
PRECISÃO NAS REDUÇÕES
Para cada viagem, a CNEC simula o uso de diferentes meios de transporte
A CNEC WorleyParsons (novo nome da CNEC Engenharia) reduziu emissões ao economizar no deslocamento dos funcionários. Para as viagens, a empresa faz simulações que comparam viagens por ar e por terra, incluindo na equação tempo total de viagem, conforto do funcionário, escalas e tempo de permanência no aeroporto. Parte das reuniões internacionais é feita por videoconferência (foto). A ida e a volta dos funcionários para o escritório também foram organizadas: um programa de caronas agrupou funcionários por CEP da residência e horário de trabalho. Entre 2007 e 2009, a redução das emissões foi de 13,41%. A empresa avalia os aspectos ambientais das obras de seus clientes e oferece um serviço de redução de energia e gestão de carbono. Também sugere formas de compensação das emissões.
HSBC BANK BRASIL
TRABALHO DE CAMPO NO BANCO
Funcionários do HSBC participam de pesquisas sobre o clima em reservas
Para envolver os funcionários nas questões do clima, o HSBC os leva ao campo. Por duas semanas, voluntários acompanham o trabalho no Brasil de ONGs como a americana EarthWatch, que tenta identificar os efeitos das mudanças climáticas nas florestas (foto). No Brasil, até o momento, 87 funcionários participaram. O banco também traçou metas no edifício sede, em Curitiba, para a redução de consumo de energia e do uso de transportes. Investiu no desligamento automático de computadores e terminais de atendimento, além de lâmpadas e ar-condicionado mais eficientes. Além disso, incentiva conferências pela internet e uso de telepresença. Também foram instalados bicicletários em cinco prédios administrativos, para incentivar quem prefere deixar o carro na garagem.
ITAÚ UNIBANCO
O LIXO A FAVOR DA ATMOSFERA
O gás de um aterro sanitário abastece de energia seis prédios do Itaú Unibanco
A energia necessária para abastecer seis prédios administrativos do Itaú Unibanco vem do lixo, mais especificamente da Usina Termoelétrica Bandeirantes (foto), que usa gás produzido pela decomposição de resíduos no Aterro Bandeirantes, em Perus, São Paulo. De acordo com o banco, em 2009 a usina evitou o lançamento de 390 mil toneladas de gás carbônico, o que em média 240 mil pessoas emitiriam em um ano. Em 2008, o banco criou o Comitê de TI Verde, que mudou os processos de computação para reduzir o consumo de energia e trocou os monitores de tubo por LCD (menos 92 toneladas de carbono na atmosfera). Além disso, o banco repassa 30% da taxa do fundo Ecomudança para projetos de redução da emissão de gases do efeito estufa.
NATURA
METAS MAIS E MAIS AMBICIOSAS
A Natura aposta em embalagens de plástico feito a partir de cana
A Natura projetou, em 2007, cortar 33% de suas emissões de gases poluentes até 2011. Está a meio caminho desse objetivo. Em 2009, estabeleceu outra meta, com a iniciativa Climate Savers (Salvadores do Clima) do WWF, de que participam 23 empresas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. O compromisso é reduzir em 10% as emissões entre 2008 e 2010. Para buscar a meta, passou a usar nas embalagens (foto) matérias-primas de origem vegetal, em vez de derivadas de petróleo, assim como PET reciclado. Elas são responsáveis por menos emissões no processo de fabricação. A fábrica de Cajamar trocou gás natural por álcool nas caldeiras. Além disso, nas operações no México e no Peru, a empresa substituiu transporte aéreo por marítimo, que polui 9% menos para cada quilo transportado.
VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL
A DESCOBERTA DE UMA NOVA FONTE
A Votorantim muda de matéria-prima para cortar as emissões na produção de cimento
A meta era diminuir em 10% as emissões de gás carbônico entre 1990 e 2012. Em 2009, a Votorantim Cimentos chegou à redução de 12,94%. A ação mais importante foi trocar parte de uma matéria-prima para cimento chamada clínquer (que exige queima de calcário e libera carbono) por uma substância chamada pozolana (que queima uma argila). Assim, as emissões são reduzidas em um terço. No ano passado, a Votorantim inaugurou fornos para a queima de pozolana em fábricas de Porto Velho, Rondônia, e Nobres, Mato Grosso. A empresa também aposta em fontes de energia alternativas ao carvão. Em Nobres, mais da metade da energia vem de fontes renováveis, como serragem e casca de arroz. Em Salto, São Paulo, foi instalado um equipamento que faz queima controlada de pneus e restos de outras indústrias para gerar energia.
SOUZA CRUZ
DE OLHO NO TRANSPORTE
A Souza Cruz desloca atividades para precisar deslocar menos carga
O inventário de emissões da Souza Cruz considera da plantação da muda de fumo à distribuição de cigarros nos pontos de venda. Em 2009, transferiu seu parque gráfico, onde são produzidas as embalagens, do Rio de Janeiro para Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul (foto), e eliminou viagens de caminhões, que lançavam fumaça na atmosfera. Ao mesmo tempo, diminuiu o consumo de gás natural na unidade carioca e passou a usar lenha de reflorestamento em Cachoeirinha. A empresa também economizou no transporte de pó de fumo, que antes era encaminhado para uso como adubo. Agora, ele fica nas fábricas e é queimado para gerar energia. A frota movida a gás natural está adotando veículos flex.
TELEFÔNICA SÃO PAULO
A PARTILHA DA ECONOMIA
A Telefônica divide o ganho da economia de energia com terceirizados
As empresas que prestam serviço de manutenção nas centrais da Telefônica se beneficiam com uma remuneração variável ambiental. Desde o começo do ano, a companhia divide com as fornecedoras o ganho que obteve com a redução de consumo de energia nesse trabalho. Metade do que a Telefônica repassa à contratada deve ir para os funcionários terceirizados (foto). A julgar pelo primeiro semestre, o ganho médio deste ano deverá ser de R$ 400 por funcionário. Até 2015, a Telefônica quer consumir, por telefone fixo, 30% a menos de energia do que consumia em 2007. No ano passado, começou a testar energia solar em um prédio administrativo, antes de usá-la em centrais telefônicas. Um jardim no telhado de uma das centrais reduz o uso de ar-condicionado no prédio.
MOTO HONDA
USO INTELIGENTE DA LUZ E DO EQUIPAMENTO
A fabricante da primeira moto flex adota todo ano novas medidas para cortar emissões
A Moto Honda, que fabricou a primeira moto flex do mundo, tem metas de redução das emissões até 2019. Em 2010, a fábrica de motocicletas em Manaus (foto) adotou quatro medidas: o sistema de refrigeração passou a funcionar de acordo com a demanda; os novos equipamentos de ar comprimido têm sensores para se tornar mais eficientes; o teto ganhou telhas transparentes com prismas, que deixam passar mais luz e menos calor; e, em um domingo por mês, a fábrica é totalmente desligada. Com as ações, além de reduzir emissões, a Honda estima uma economia de R$ 1 milhão até o fim do ano. A Moto Honda já contava com uma cerca eletrônica alimentada por energia solar e luzes automáticas.
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